Bons alunos mesmo sendo pobres
Os recursos económicos das famílias não têm influência directa nos resultados escolares dos jovens. Um estudo feito junto da população carenciada do Vale do Ave mostra que há bons e maus alunos entre as famílias mais pobres. A diferença está na forma como as famílias encaram o percurso escolar dos jovens.
A investigadora Teresa Guimarães refere que o objectivo do estudo era comparar o percurso escolar de crianças e o impacto do ambiente familiar. As conclusões revelam que "o nível socio-económico baixo das famílias não pode ser sinónimo de um grande insucesso escolar". Ou seja, não é por as famílias terem pouco dinheiro que as crianças estão condenadas a fracassar na escola.
De facto, a comparação entre dois grupos de 12 famílias cada um, permitiu à investigadora da faculdade de psicologia da Universidade do Porto, concluir que para inverter o insucesso na população carenciada é preciso investir na formação parental e nas actividades extracurriculares.
Mas se o dinheiro não é determinante, então quais são as diferenças entre as 12 famílias com estudantes de sucesso e as outras 12 de insucesso? Naquelas em que os filhos, com idades entre os 12 e os 15 anos, conseguem notas de 4 e 5 (numa escala de 0 a 5), os pais "têm expectativas mais elevadas quanto à escolaridade dos filhos, disponibili-zam mais materiais de aprendizagem que estimulam intelectualmente os filhos e inscrevem-nos em actividades extracurriculares", explica Teresa Guimarães. Além disso, referem como principal receio que as suas limitações económicas possam impedir os filhos de estudar.
No outro grupo em que as notas são baixas e há registos de chumbos, os pais "têm expectativas muito baixas, os filhos não estão ocupados nos tempos mortos com actividades extracurriculares e os pais não conhecem tão bem a vida escolar dos filhos", acrescenta. Estas percepções foram recolhidas em entrevistas aos pais e referem-se aos resultados escolares dos jovens no ano lectivo 2009-2010.
Para inverter esta tendência, Teresa Guimarães considera necessário "um acompanhamento psicológico junto dos adolescentes e um maior envolvimento parental, porque os pais deixam-nos mais sozinhos porque acham que já são adultos e não precisam de acompanhamento". Outro ponto que a investigadora e psicóloga escolar defende é a "sensibilização para a criação das actividades extracurriculares, para que os alunos estejam ocupados e não expostos a risco".Fonte: DN
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