“Pais e professores lutam pelo mesmo sonho - o de tornar os seus filhos e alunos felizes, saudáveis e sábios - e cultivam os terrenos mais difíceis de serem trabalhados: os da inteligência e da emoção.” Augusto Cury
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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Com o Dia da Mãe a chegar: Que tipo de Mãe é?

Existem tantos tipos de mães como as que há no mundo. Uma mãe é única na forma como cria, cuida, protege e se relaciona com os filhos. Atribuir-lhe comportamentos-padrão não é fácil, mas é possível. Com a ajuda de Maria de Jesus Correia, especialista em psicologia da gravidez e da maternidade, «catalogámos» 13 tipos.

Superprotectora

Mais do que ajudar, atrapalha. Todas as mães têm medo que algo de mau aconteça aos filhos, mas na mãe superprotectora este receio é levado ao limite, fazendo tudo por eles - pensa, decide, realiza, impedindo o seu desenvolvimento no sentido da autonomia - e muitas vezes reage às «ameaças» do exterior, do mundo fora de casa, com o isolamento das crianças. Para uma mãe superprotectora, os perigos estão em todo o lado: a chuva ou o frio podem causar uma constipação, o sol pode provocar insolação, uma corrida pelo parque pode resultar numa queda ou num joelho magoado. Tudo isto faz parte do crescimento e da adaptação ao meio envolvente, mas uma mãe protectora não consegue «sair» do seu mundo idealizado, um mundo em que nada de mal acontece às crianças. O problema da redoma em que uma mãe superprotectora coloca os filhos é que não tarda terá o efeito contrário, porque as crianças não desenvolveram os mecanismos de protecção que lhes permitem gerir conflitos, lidar com as frustrações, conviver com as idiossincrasias dos outros, criar relações interpessoais saudáveis, enfrentar a doença. Um comportamento superprotector tende a reprimir as capacidades dos filhos, que deste modo podem tornar-se crianças e adultos inseguros, dependentes e incapazes de resolverem os seus problemas. O que leva uma mãe a ser assim poderá estar relacionado com o facto de ela própria ser insegura e ansiosa ou com o modo como viveu a sua gravidez. Muitas vezes, quando a gravidez não é desejada, o sentimento de culpa pela rejeição inicial leva a comportamentos extremos e opostos, de protecção excessiva para que nada de mal suceda.

Autoritária

Não respeita a individualidade dos filhos, impingindo-lhes as suas regras. Não permite que do outro lado haja a possibilidade de se desenvolverem outros seres, autónomos, com identidades, características e responsabilidades próprias e, portanto, reprime a iniciativa, a criatividade, o desenvolvimento. Não dá espaço à existência do outro porque não lhe reconhece identidade própria. Uma mãe autoritária não negoceia, impõe, confunde o estabelecimento de regras e a autoridade com autoritarismo. Ter regras é saudável e importante para o crescimento, mas devem ser permitidas explicações («porque deve ser assim e não assado?») e nalguns casos negociação, ajustes; o comportamento autoritário não admite nem explicação nem ajustes, é assim porque é assim, é assim porque eu quero, é assim porque eu já disse e não volto atrás. Esta forma de ser mãe pode ter origem nas características de personalidade da própria mulher e no facto de, ela própria, ser filha de pais autoritários.

Facilitadora

É uma mãe democrática, permissiva, embora sem as componentes negativas da permissividade. A mãe facilitadora impõe limites mas tem propensão para negociar, facilitando deste modo a relação entre ela e os filhos. Tem disponibilidade, está atenta ao que as crianças dizem, tenta perceber porque é que os filhos querem assim e se achar que faz sentido consente, ajusta as regras à situação.

Permissiva

Não deve ser confundida com a facilitadora, porque o que caracteriza uma mãe permissiva é a não imposição de limites. Ou não define regras ou permite que as regras sejam desrespeitadas sem consequências, sem negociação prévia. A mãe permissiva é aquela que chega a casa depois de um dia de trabalho e deixa os filhos fazerem tudo - não necessariamente em autogestão, sem cuidados ou supervisão -, porque também se pode sentir culpada por ter estado ausente muitas horas e não quer que a última hora deles antes de irem para a cama seja preenchida com discussões. Muitas vezes, acha que não deve contrariar a vontade dos filhos porque tem receio que fiquem traumatizados, se sintam infelizes, frustrados, chorem. É a mãe que diz, desolada, «oh coitadinho do meu filho, é tão pequenino, não está preparado». Sente que ao impor limites as crianças vão ficar zangadas ou tristes, e isso, do seu ponto de vista, implicará a possibilidade de as crianças poderem deixar de gostar dela. Este receio de que os filhos a rejeitem se lhes disser «não» tem a ver com a insegurança que a mãe sente na relação com eles. Poderá ser muito problemático em termos relacionais as crianças crescerem sem limites.

Afectuosa

A forma como exprime o afecto não dispensa o beijinho, o abraço, o colo. A mãe afectuosa dá miminhos e aconchego, envolve, faz os filhos sentirem-se num ninho protector, a salvo das maldades que surgem do exterior sem, no entanto, os privar das experiências desse mundo. No entanto, uma mãe afectuosa não significa que não imponha limites. 

Fria

Manifesta dificuldades nas questões do afecto, inclusive para com os filhos. Até pode ser muito funcional e cuidadora no sentido do bem-estar físico: muda-lhes as fraldas, alimenta-os, veste-os, leva-os à escola e à música e ao futebol e ao ballet, etc., mas é incapaz de os mimar, de lhes fazer festinhas. Até pode ler-lhes uma história na hora de irem para a cama, mas não os aconchega, não lhes dá beijinhos antes de adormecerem. A sua frieza pode ter que ver com características de personalidade ou com o facto de ser uma mãe rejeitante, que aceitou a gravidez com contrariedade.

Ausente

Não tem disponibilidade mental nem afectiva para ser mãe. Até pode estar em casa a cuidar dos filhos, mas o estar presente fisicamente não significa estar presente emocionalmente. A mãe ausente está sem estar. É demasiado concentrada nela própria, nos seus interesses, é capaz de ficar uma tarde a ler revistas ou a ver televisão sem interagir com os filhos, que brincam sozinhos no quarto. É a mãe que diz constantemente «agora não, não tenho tempo», «depois», adiando sempre uma actividade que podiam, ela e os filhos, realizar juntos. A ausência, se não for mental ou afectiva, pode manifestar-se no tempo escasso que a mãe tem com os filhos por trabalhar muitas horas fora de casa. Enquanto uma mãe ausente do ponto de vista psicológico não tem disponibilidade interna para se relacionar e criar empatia com as crianças, a mãe ausente no sentido temporal pode ser muito afectuosa, envolve-se emocionalmente, consegue organizar a vida familiar de forma a que as crianças se sintam em segurança quando não está com elas. O tempo que passa com os filhos é de qualidade, o que acaba por compensar a ausência.

Insegura

É uma «esponja» que absorve todas as opiniões, a das amigas, a das tias, a das colegas, a das sogras, e perante tantas opiniões diferentes tem dificuldade de escolher, de decidir e de formar a sua própria opinião. É a mãe que devora todas as revistas sobre maternidade, à procura de respostas. A sua insegurança deve-se sobretudo ao medo de falhar, de não estar à altura do papel de mãe e por isso corre atrás da perfeição. Porque uma mãe perfeita não falha. O problema é que uma mãe perfeita não só não falha como não existe, tenta ir buscar às opiniões dos outros o que não consegue encontrar nela própria, alimentando a sua insegurança e entrando numa espiral de angústias e de hesitações que nunca mais acaba. «Afinal, o que faço?», é pergunta sempre presente numa mãe insegura. O seu comportamento está associado à falta de confiança em si própria e da sua capacidade de escolha quanto ao que é melhor para os filhos.

Ansiosa

Vive inquieta. Está sempre preocupada com os filhos, receosa de que não estejam bem mesmo quando não existem sinais de mal-estar ou de perigo. O seu comportamento pode estar relacionado com a tentativa de salvar, de reparar a fragilidade da criança (isso acontece mais frequentemente se um dos filhos nasceu prematuro, se tem atrasos de desenvolvimento, ou se é mais frágil do ponto de vista da saúde) ou pode ter que ver com as suas próprias características de mulher ansiosa e, por isso, em tudo o que se envolve, nas coisas pelas quais se responsabiliza, sente insegurança, angústia, ansiedade, porque, no fundo, duvida das suas competências e das suas capacidades. A ansiedade, por vezes, está associada ao medo de que corra mal.

Deprimida

Está deprimida porque se sente desvalorizada, o que infelizmente não é raro acontecer, ou porque está doente e nesse caso está demasiado centrada em si própria, com pouca disponibilidade para fruir o lado materno. Não tendo capacidade de estar atenta, não cuida das necessidades dos filhos, não responde às suas exigências de carinho e afecto, sendo que esse alheamento pode resultar num sentimento de abandono por parte das crianças. Em situações desta natureza, importa que o resto da família tenha consciência de que a mãe é importante mas não é tudo; a mãe pode estar ou ser uma pessoa deprimida, mas se na vida das crianças, na sua família próxima, existir um adulto cuidador, que as protege e acarinha, lhes providencia um ambiente familiar afectivo envolvente, a depressão da mãe poderá ser pouco sentida pela criança.

Rejeitante

Não é necessariamente uma mãe que não gosta dos filhos, mas também não é uma mãe que tenha por eles amor incondicional; não assume o seu lado materno cuidador. Um sentimento que começou por ser de rejeição no início da gravidez ou da maternidade, em que a mulher tem muita dificuldade em ligar-se a algo que não desejou, que não faz parte do seu projecto de vida, devia, progressivamente, transformar-se em empatia e envolvimento, em que a mãe finalmente encontra um sentido para a maternidade. No caso de uma mãe que permanece num estado de rejeição isso não sucede. Continua a ser uma mãe que não se envolve muito com os filhos. Eventualmente, esse sentimento pode mudar.

Melhor amiga

É a que diz que mais do que mãe é amiga, embora um e outro sejam papéis diferentes. É uma mãe que ou sente dificuldade em deixar a filha crescer ou tem problemas em aceitar e assumir a sua própria idade e nesse caso tende a vestir roupas mais adequadas à idade da filha, frequenta os mesmos bares e discotecas da filha, sai com a filha e os amigos da filha, tem namorados da idade da filha. Vive numa relação de pares com a filha em vez de numa relação entre mãe e filha e, como tal, não personifica a figura de autoridade, de suporte. O seu comportamento é desadequado porque as crianças e adolescentes o que querem de uma mãe é protecção, securização, colo, porto de abrigo e não uma igual, um par.

Adulta

É a responsável. Vive a maternidade com desejo e prazer percebendo também algumas contrariedades naturais. Tem a noção de que ser mãe implica cuidar, brincar, pôr regras, ensinar. Sabe desfrutar do dar e receber amor sem perder a racionalidade quando necessário. Consegue perceber os seus próprios limites e respeita os limites dos seus filhos.

In DN

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